quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

ESCRITOR NOVATO

Escritor, ao contrário da magnífica aura que se criou em torno da atividade, é um bicho chato paca. Escreve tudo que passa pela cabeça e filosofa. Como filosofa!! Depois manda para todo mundo.
A muitos ele enche a paciência por que não estão nem aí para questionamentos, divagações e críticas, ou estão soterrados de trabalho e de saco cheio de estar na frente do computer.
As escrevinhações são de todas as etiologias, pode crer. Desde o cosmo até o mais ínfimo grão de areia. Política e Brasil é o que mais gostamos, incluindo claro, religião e Deus. Serve-nos também assuntos sérios ou humorísticos, relacionamentos e sua dinâmica. Traquitana antiga ou antevisões futurísticas. Tudo serve. Tudo são letras em movimento.
Eu incomodo especialmente escrevendo sobre todas as Dependências. As dos outros principalmente. Olhar o sufoco alheio é bem mais fácil. Espelho torto onde fantasio que não sou passível de escorregões estratosféricos.
Quem gosta de escritor é outro escritor. Normalmente são as pessoas que mais lêem por isso se amam, animais estranhos no paraíso da imbecilidade chamado Terra.
Quem gosta de escritor é outro maluco com a diferença que não escreve com letras legíveis, escreve, reescreve no bulício de seus pensamentos, nas indagações intermináveis de seus questionamentos e na busca do que é quase sem resposta.
No Brasil quem gosta de escritor é mimoseado com o título de rato de biblioteca. Rato, esse bichinho repugnante que ninguém deseja por perto. No Brasil ler é perder o BBB não sei que número para afofar mentalmente bundas, peitos e picas duras dos outros já que provavelmente não funcione bem com nenhum desses elementos vitais.
Uni-vos, escritores brasileiros, cheios de garra e com tão pouca valorização nas terras tupiniquins. Bons são os de fora, das terras civilizadas, onde se escreve qualquer bobagem, se edita e se é lido. Brasileiro reclama, mas gosta de se menosprezar. Nada daqui é bom, só o que vem de fora merece atenção. Ou um que outro Paulo Coelho falando de mágicas pseudo-reais e outras plagiadas como sabemos.
A onda dos vampiros parece um tsunami e penso se estamos tão perdidos que só a ficção total aguentamos por que a realidade é dura e não queremos olhar para ela de frente. Isso dá trabalho, teríamos que fazer alguma coisa, no mínimo pensar no mundo que criamos.
Alguns dizem que o livro desaparecerá, o computador, mais fácil, deletável o substituirá e fico feliz em lembrar a declaração de Humberto Eco: “Tudo que eu quiser dizer seriamente colocarei no papel.”
Talvez venha uma nova “queima às bruxas” e veremos nossos amados filhos de papel torrando no meio da rua. Não é ficção, vêem-se movimentos do governo que desembocarão nisso. Melhor não esperar para ver e gritar antes:
QUERO FALAR! QUERO EXISTIR EM MINHAS PALAVRAS!
Grande Fernando Pessoa dizendo:
“Quem não entende uma palavra, não pode entender uma alma.”
Está na hora de escritor brasileiro deixar de se encolher, não permitir que apenas as traças leiam suas letras santas.
Está na hora do Brasil se alfabetizar e aprender o beabá não que sejam apenas três letras: N Ã O!


Vana Comissoli

Um comentário:

  1. Mto bom texto!

    E vamos que vamos em 2011, escrevendo sempre!

    Feliz 2011! Saúde, Paz e tudo o mais!

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