quarta-feira, 12 de maio de 2010
NÃO ATRAVESSE A RUA
O dia nasce cheio de fogos
Sou água, sou neve
Sou fogo que derrete
A névoa
A face marcada pelo querer
Transversa
Atravessa
O viver
Na mão o nada
Na tua?
Que tua?
Não existe o outro
Neste momento
Avesso
Sou nua,
Sou crua
Sou faixa de transeuntes
Passam e passam
Cuidado
Vem carro
Não atravesse
Atropelo
Me embaralho
Sou carro?
Sou transeunte?
Apelo
Me chegue
Me baste
Nada me basta sem o outro
Sufoco.
Estou prenhe
Parirei no escuro do quarto
A ternura que é só minha.
Derrubo no espaço
O que era teu.
A dor.
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