sábado, 1 de maio de 2010

AEÓLIO


Deus dos ventos,
sacode as árvores
até que todas as folhas caiam.
Desmancha a coroa das flores
até que fiquem plebéias e velhas.
Das velhas sopra as perucas
até que se recolham
e se reconheçam bola de boliche
sem pressa de pecar,
morrer ou secar.


Mexe os mares
deixa que a água balance brilhantes de luz
e que as ondas sejam nossa cruz.
Desmascara as bocas de força cruel.
Às cabeças de carretel
oferece morte com sabor de fel

Levanta a saia das mocinhas
quero suas coxas,
suas bundas
E suas vaginas
Tão róseas e lindas.
Tão finas.

Dos homens leve os chapéus
mande todos para o beleléu.
O certo corta em tiras
e serve como recheio de pastel

Tira as roupas do varal
jogue-as no barro.
Mas, por favor, não quebra esse jarro.
É de estimação
De um amigo pedindo perdão

Nessa revolução
apaixonada e causal
está a última esperança
de deixarmos de ser animal.

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